Filmes odiados pela crítica no lançamento que se tornaram clássicos
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Filmes odiados pela crítica no lançamento que se tornaram clássicos
Críticos de cinema são geralmente pessoas que sabem comunicar suas
opiniões mais claramente, mas eles não são perfeitos o tempo todo. Às
vezes, o público não vai concordar com eles, e está tudo bem. Como
mostram os dez filmes a seguir, há momentos em que uma produção não vira
um clássico instantaneamente.
Algumas exigem um pouco mais de tempo
para serem apreciadas. O lixo de hoje pode ser o clássico de amanhã.
Clube da Luta (1999)
Não
foi o filme mais criticado por aí, mas é isso que o torna interessante.
Esse é o tipo de filme que você esperaria que as pessoas ou odiassem ou
amassem - como Roger Ebert coloca em sua crítica de outubro de 1999:
"’Clube da Luta’ é um ‘passeio’ emocionante mascarado como filosofia - o
tipo de passeio onde algumas pessoas vomitam e outros mal podem esperar
para ir de novo”. O New York Daily News chamou o filme de "pouco
inovador", o Miami Herald se referiu a ele como "um fracasso", e o
Boston Globe disse que sua "acusação chique de vazio materialista
valoriza o fiasco". É interessante que, quando os críticos não gostavam
do filme, era porque eles ficaram entediados assistindo.
Godzilla (1954)
Não
é difícil imaginar um filme sobre um lagarto nuclear gigante recebendo
comentários ruins se fosse lançado hoje em dia. Mas para 1954 era um
conceito bastante inovador. Ele pode não ser o primeiro de sua espécie,
mas Godzilla é certamente o Mickey Mouse dos monstros gigantescos que
odeiam a cidade. Houve uma razão muito específica para que os críticos
dessem ao filme tantas notas ruins quando foi lançado pela primeira vez
no Japão. Fazia menos de dez anos desde que o país tinha sido atacado em
Hiroshima e Nagasaki, e agora eles tinham um filme sobre um monstro
ridículo gigante que resultou de testes nucleares. Isso gerou um mal
estar enorme. No dia 1º de março do mesmo ano em que o filme foi
lançado, um barco de pesca de atum japonês foi exposto a choques
nucleares do teste americano em Bikini Atoll - resultando no que se
pensava ser a primeira morte por uma bomba de hidrogênio.
Os Fantasmas Contra Atacam (1988)
Outro
filme que provavelmente está em cima do muro quando se trata de
defini-lo como um "clássico" é ‘Os Fantasmas Contra Atacam’. E Bill
Murray interpreta um grande idiota. É engraçado o quão simpático ele é
não importa quão desagradável ele deveria ser. Apesar disso, os
críticos odiaram. A Variety chamou o filme de uma "comédia terrivelmente
sem graça", o USA Today disse que era uma "bagunça monumental", e o Los
Angeles Times achou "tão engraçado quanto um assalto". Talvez eles
esperavam que fosse uma verdadeira adaptação de ‘A Christmas Carol’. Se
fosse esse o caso, é fácil imaginar por que os críticos odiaram.
A Estranha Passageira (1942)
Às
vezes é difícil dizer se um velho filme preto e branco é realmente bom
ou somente supervalorizado. Dito isto - ‘A Estranha Passageira’ não é
considerado um filme ruim hoje em dia e tem contribuído muito para o
gênero romance. No entanto, é fácil ver como o passar do tempo ajudou
nisso. Em primeiro lugar, é um gênero que nem todo mundo gosta, e em
segundo lugar, é meloso demais. É por isso que em 1942 o New York Times
publicou que “‘A Estranha Passageira’, seja por causa do escritório de
Hays ou sua própria lógica espúria, complica um tema essencialmente
simples. Apesar de toda a sua aflição emocional, ela não consegue
resolver seus problemas com a mesma sinceridade com que faz de conta. Na
verdade, um pouco mais de verdade teria tornado o filme muito mais
curto". Não, não é exatamente uma declaração de ódio - e o filme
conseguiu algumas indicações naquele ano - mas também não pareceu
deslumbrar ninguém e nem foi sucesso de público.
O Predador (1987)
"Arnold
Schwarzenegger luta contra um monstro do espaço em uma selva do
terceiro mundo. O monstro nunca vence. Nem a selva. Nem o público". Essa
foi a crítica publicada no Christian Science Monitor. E embora seja
verdade que um filme sobre um bando de homens fortes pisoteando um
ambiente selvagem intocado com armas e munição não torna o filme algo
filosófico, e nem deveria. O New York Times o chamou de "alternadamente
terrível e maçante, com poucas surpresas", mas não havia realmente um
ponto no filme em que as surpresas fossem o foco principal. É verdade
que a nostalgia pode ser um fator importante na popularidade deste filme
atualmente - mas parece que a maioria dos críticos simplesmente perdeu o
panorama geral. Era sobre o predador, e como ele era doce - nada mais e
nada menos.
Medo e Delírio (1998)
O
trabalho de Terry Gilliam nunca foi celebrado, o que é
consideravelmente surpreendente quando você pensa sobre como ele é
incrível. Não há uma pessoa neste planeta que não goste de pelo menos um
de seus filmes. Se não é ‘Medo e Delírio’, com certeza é ‘O Mundo
Imaginário do Doutor Parnassus’ ou ‘Os 12 Macacos’. E, no entanto, um
filme como Medo e Delírio, que só pode ser descrito como uma celebração
do bizarro, foi massacrado pela crítica. O San Francisco Chronicle o
chamou de "Decepcionante, inútil e repetitivo". A Variety disse que era
"difícil imaginar qualquer segmento do público gostando desse filme
desajeitado e sem graça”. Roger Ebert pensou que era um "filme de uma
piada, se tivesse uma piada". E o Washington Post? Eles compararam
assistir a este filme a "ser forçado a ouvir uma música ruim de heavy
metal se transformar em 11, enquanto gordinhos de bermudas competem em
um concurso de vômito”.
O Iluminado (1980)
Kubrick
é bom em fazer filmes que todo mundo não gosta, aí as pessoas percebem
que eram estúpidas por não gostar dele, e depois fingem ter gostado
desde o início. Por exemplo - Roger Ebert deu ao filme uma crítica ruim,
só para falar bem sobre ele mais tarde. A Variety considerou o filme
como uma destruição de tudo o que fez o livro de Stephen King
aterrorizante, e disse que Shelley Duvall "transforma a esposa simpática
e calorosa do livro em uma mulher histérica e semi-retardada". Na
verdade - Shelley foi indicada para um Framboesa de Ouro como pior
atriz, juntamente com Kubrick como pior diretor. O filme foi
provavelmente a pior adaptação quando você pensa no livro, e por "pior",
queremos dizer menos leal. Jack nem sequer tem um machado no livro, mas
sim um bastão. Mas imagina se Kubrick tivesse mantido isso? Tom e Jerry
usam bastões - ou seja, não funciona para aterrorizar.
O 3º Homem (1949)
O
filme foi muito bem nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas o que é
interessante é onde que o filme fracassou: na Áustria, o país em que se
passava a história. Naquele país, especificamente na cidade de Viena
onde o filme acontece, os críticos ficaram pouco entusiasmados com o
filme. Não é difícil imaginar por que. O longa foi lançado não muito
depois da Segunda Guerra Mundial, tema do filme. Basicamente, os
críticos e a audiência da cidade entraram no cinema para escapar da
escuridão na qual estava a sua cidade destruída e acabaram vendo nas
telas a mesma maldita escuridão. É claro que odiaram o filme. Como disse
William Cook, do The Guardian, "... eles fizeram um drama estrangeiro
sombrio, filmado pelos aliados vitoriosos nas ruínas de sua cidade
natal. ‘Uma cidade temerosa de seu presente, incerta do seu futuro’,
declarou o trailer, mas não era tão emocionante se você realmente
tivesse que morar lá".
Psicose (1960)
Os
comentários sobre este filme não foram todos terríveis, mas bastante
polarizados, o que mostra que mesmo se um filme é considerado “mais ou
menos” em um nível técnico e artístico, em última análise, se é amado
pelo público, então não pode ser considerado ruim. O público amou o
filme apesar da recepção morna dos críticos, e no final é isso que
importa. Na época, porém - o filme foi considerado "claramente um filme
superficial", e até mesmo uma "mancha em uma carreira honorável". Uma
crítica do New York Times disse que não tinha "abundância de sutileza" e
era "obviamente trabalho de baixo orçamento". Ninguém odiava - mas
ninguém pensava que fosse algo tão especial também. Certamente eles
estavam errados sobre isso.
Mensageiro do Diabo (1955)
Nenhum
outro filme é conhecido por ser tão grande e ter uma recepção tão ruim
como ‘Mensageiro do Diabo’. O filme é agora exibido para cada aluno de
faculdades de Cinema pelo mundo e é elogiado como uma obra-prima de
horror. A verdade é que o filme realmente é bom - foi simplesmente feito
na era errada, como explicado por Preston Neal Jones em seu livro
“Heaven and Hell to Play With: The Filming of The Night of the Hunter”:
"A crítica de Dorothy Manners no Los Angeles Examiner começou afirmando
que ‘Se foi a intenção de Charles Laughton assustar os espectadores de
‘Mensageiro do Diabo’, ele conseguiu. Raramente uma produção inteira
sustenta o sentimento de pesadelo, de terror, como faz essa adaptação do
romance simbólico de David Grubb’. No entanto, muitas pessoas não
pagaram pela chance de ter seus cabelos levantados em 1955". Isso
realmente diz tudo. O filme foi massacrado pelos críticos e ignorado
pelo público. O resultado foi o diretor Charles Laughton nunca mais
dirigir outro filme.
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